Galax: “Protesto, denúncia, revolução e diversão”

Hoje BECO41 tem a honra de apresentar um pouco da história do mc e produtor Galax!.
Com musica nova recém lançada na pista com produção de Laudz e participação de Nairobi, o Galaxão começa o ano com motor envenenado.

Galax - Pode vir bater de frente (Part. Nairobi - Prod. Laudz) by Galax - Studio KontrataK

Confira abaixo a entrevista que fizemos com ele!


BECO41: Salve Galax! Como começou a fazer rap?


Galax: Salve a todas as pessoas que estão lendo este bate papo!
No ano de 1989 eu era viciado no Rock da época, de Pink Floyd à Black Sabbath, e em 1990 influenciado por minha irmã mais velha (que me apresentou uma fita K7 contendo a música “Pânico na Zona Sul e Tempos difíceis”, do Racionais Mcs, gravada da coletânea Consciência black vl. 1), comecei a abrir meus ouvidos e mente para o RAP.
Me identifiquei com a proposta do rap, “protesto, denúncia, revolução e diversão”. Acreditava muito em tudo aquilo e resolvi começar a rabiscar meus primeiros cadernos, fazia a poesia e declamava com o ritmo da batida. Assim, em 1992 comecei a fazer meu primeiro rap sério. Ouvindo uma fita K7 no final de 1993, fui influenciado por um cara chamado Gabriel o Pensador que me fez pensar muito em ter um grupo de rap, então, em 1994 coloquei a idéia em prática. Inspirado em uma fala do Mano Brown, em uma entrevista que o Racionais Mc’s deu na época, “...O racionais não é advogado, o Racionais é tipo um cronista...”, batizei meu primeiro grupo de “Cronistas dos Fatos”. Este grupo teve integrantes que não fazem mais parte do Rap (Bill e Mc Moleque), mas também contava com a participação do meu parceiro Dj DEX, que continua até hoje. Em 1996 conheci um grande amigo, Adriano (Adelanã), que na época já fazia rap e também tinha um grupo. Neste período, tanto eu quanto ele, enfrentávamos problemas com nossos respectivos grupos, assim resolvemos nos unir seguindo com uma nova formação, porém com o nome Arquivo Negro que até hoje está em atividade.

Foto: ARQUIVO NEGRO - Jd. Esmeralda – Colombo - PR 1997.
Você além de mc é produtor. O que te levou a produzir suas próprias musicas?

Bom, iniciei no Rap em uma época muito pobre em comunicação em Curitiba, não existia computador e muito menos internet, pelo menos para a maioria dos meus conhecidos. Ter um telefone fixo era para poucos, por ser muito caro. Eram poucas as rádios que executavam este tipo de música e demorou a ter uma mídia que trabalhasse neste estilo musical, mas existia umas 2 ou 3 lojas na cidade (Doctor discos, Galeria de vinil, Spin) que vendia discos de vinil contendo trechos de batidas, efeitos e algumas bases para rappers.  Todos os rapper’s da época compravam as mesmas edições dos discos, então imagine só, era uns 10 grupos cantando na mesma batida (risos). Era engraçado, porque tinha uns que até ficavam bravos de usar o mesmo BEAT. Comecei editando minhas primeiras batidas utilizando os Vinis contendo os beats, alterando a velocidade e aumentando o tempo, gravando depois em uma fita K7.  Em meados de 2000 conheci meu professor na área, o Eibe, criador do selo LA PAZ PRODUÇÕES”. Ele foi o pioneiro em produção independente em Curitiba, gravou e produziu a maioria dos rappers da época. Com a alta procura, Eibe começou a dividir seus conhecimentos comigo e, foi através do incentivo dele que montei meu próprio home estúdio, que hoje se chama Studio Kontratak. Assim consegui executar meus próprios trabalhos e de outras pessoas e grupos. 

Confira alguns dos beats do Galax:

Studio KontrataK 2012
O Arquivo Negro tem uma grande história dentro do Hip Hop – PR. Tem algum ano em especial que ficou marcado na memória?

Então já são 16 anos, lançamos fita k7, fizemos parte de todas as edições da coletânea SOM DE CTBA e, durante todo este tempo que estamos na caminhada aprendemos muito com a vida, passamos por diversas fases, acompanhamos a evolução do hip hop e posso dizer que emociona lembrar o começo de tudo (não foi fácil!). Méritos a vários guerreiros que fizeram e ainda fazem parte do crescimento desta cultura. Aqui em Curitiba posso dizer que caras como Davi Black, Edie Mc, DJ Dex, Adriano, Jonathan o Gralha, Dj Primo, Marlão,  Paulo (Adeleke), Celino, Aranha, Celião, Will, Cipó, Jamaika, Walderrama, Cachorro loko, Eibe, Danilo,  Crises, Knab (Mocambo), Carlão, Dj Mk, Bronkx, Jana, Jack Stereo, Elton, Thaide, Menthor, Nei, Hauly, Big X, Dj Luiz, Eduardo, Ricardo, Simon, Dj Biofa, Jotinha, Maskot, Mazinho, Magú, Nairobi, Dj Jaff, Capadocia, Seco, Torto, VT, Jorge (JL), Nicam, Formiga, Hurakán, Bicho Kleber, Dj Ploc, Michel, etc... Estes que carregaram equipamentos pesados na mão, enfrentaram todas as dificuldades da época, fizeram festa com caixas da POLIVOX de 3 em 1, cantaram com microfone ou as vezes sem, militavam com zines, divulgavam no mão a mão, viviam ralados de dançar break no asfalto. Esta época foi muito especial! O início dos anos 90, onde tudo era só o começo por aqui!

B.boy Celino (Comando Negro) Boca maldita – Centro de Curitiba.
Na sua opinião, o que mais ta faltando no Hip Hop PR?

Não sei como está outras cidades do PR, mas acredito que falta fortalecer as raízes do hip hop, ele já foi mais unido. Como exemplo, tem muito B.boy ou grafiteiro que não curte rap e tem muito mc e Dj que não faz questão de se ligar aos outros elementos do Hip hop. Minha experiência com o movimento foi muito especial, venho do tempo em que um maluco fazia Beat Box, o Mc fazia a rima e o b.boy dançava no asfalto. Os Djs da época estavam sempre presentes e os grafiteiros mandavam sua expressão em meio a este movimento todo. Hoje em dia esta cena é rara. Mas o que mais esta faltando é algo que me fez vir a militar pelo hip hop, as POSSES (o trabalho social propriamente dito desenvolvido por pessoas ligadas ao movimento). Antigamente, o trabalho social realizado por elas era forte. Posso citar algumas delas como: “Posse Comando Negro”, “Posse Quatro elementos em ação” (na ONG ASPA), “Posse MH²M” (Movimento Hip Hop metropolitano), projeto 5 elementos do (Consciência suburbana), projeto ARTE DA PAZ do Instituto de defesa dos direitos humanos (IDDEHA). Através delas utilizamos o Hip Hop como atrativo para trabalhar com pessoas em situação de risco, ministrando oficinas de Hip Hop com a abordagem de temas como DST’s, abuso de drogas, cidadania, direitos humanos, etc.
“(...) Amo meu povo, amo o que faço e não vou desistir. O pagamento que recebo é ver o povo sorrir (...)”. 

Gazeta do Povo – 1998. (Galax e Adriano - Arquivo Negro - evento no Moustache).
Quais são os planos para 2012?

Primeiramente vou falar do Arquivo Negro. Temos um cd oficial pronto desde 2007, o disco “O SONHO AINDA NÃO ACABOU” (olha que começamos a gravar em 2001 rss...). O grupo passou por diversas mudanças de formação, perdendo muito público neste período. Então resolvemos lançar uma Mixtape com o título “O NOVO TESTAMENTO DAS RUAS” com músicas inéditas feitas especialmente para esta mix, temos como objetivo projetar melhor nosso nome antes de lançar o cd oficial. Acreditamos que as idéias não envelhecem, afinal os problemas são os mesmos e as idéias e soluções apontadas ainda são as mesmas também! Outro projeto que estou para realizar é o lançamento de um trabalho solo, andei acumulando muitas músicas ao decorrer dos tempos e tenho como objetivo lançar um disco por ano a partir deste lançarei a MIXTAPE GALAXÃO 3.0.
Também daremos continuidade aos trabalhos sociais que realizamos em 2011. Gostaria de aproveitar para parabenizar a iniciativa dos Rapper’s Cipó e Jamaika que estão atuando em projetos sociais através de seu Instituto Laurentina Maria Benedita, que continuem ativos em 2012.

Confiram aqui o vídeo de uma das músicas que estarão na Mix do grupo ARQUIVO NEGRO – O rap não pode parar (part. Cói - Redenção):




Deixe um salve pra quem for ler essa entrevista.

Primeiramente obrigado a equipe do Beco 41 pela oportunidade! Fé em Deus a todos que estão lendo, acredite em você !!! Acredite em seus sonhos e trabalhe para executar seus projetos, tenha foco e determinação!
Sempre sonhei em ser alguém, mesmo tendo pouca escolaridade e poucos recursos. Hoje, com muita luta, cresci profissionalmente e conquistei muitas coisas em que acreditei ser impossível.  Quero dar um exemplo, com muito orgulho, este ano meu parceiro Adriano (mesmo em meio à vida loca e as dificuldades) conseguiu se formar em uma das melhores universidades do país e foi reconhecido como um dos melhores alunos desta instituição. Tem grande potencial e desejo de mudança, sabe por que falei disso? Porque foi um cara que veio de baixo, família humilde, problemas raciais, sociais e nunca se deixou abalar. Para mim se tornou uma grande referência, um grande campeão! Espero que todos que estejam lendo este bate papo sejam bem sucedidos em seus projetos de vida, porque a revolução só existe se agirmos! “(...) a esperança renasceu em mim o amor me ressuscitou aqui estou e o sonho ainda não acabou (...)”



Aproveitando o momento final para divulgar meu Single que estará fazendo parte do meu trabalho solo MIXTAPE GALAXÃO 3.0 previsto para final de Março,

Contatos:
 



4 comentários

  1. Parabéns montraum ..e muito obrigado por citar meu nome nessa trajetória.
    Sucesso a você e ao grupo arquivo negro que simplesmente é um dos grupos mais bem produzidos musicalmente.
    Saúde paz ..vida longa a todos vocês.
    E parabéns ao beco 41 põe abrir este espaço que é de suma importância para o crescimento e para a divulgação dos nossos talentos paranaense.

  2. Parabéns montraum ..e muito obrigado por citar meu nome nessa trajetória.
    Sucesso a você e ao grupo arquivo negro que simplesmente é um dos grupos mais bem produzidos musicalmente.
    Saúde paz ..vida longa a todos vocês.
    E parabéns ao beco 41 põe abrir este espaço que é de suma importância para o crescimento e para a divulgação dos nossos talentos paranaense.

  3. Todo o meu respeito e admiração por esses guerreiros que não temem a luta..
    Tamo junto

  4. Todo o meu respeito e admiração por esses guerreiros que não temem a luta..
    Tamo junto

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